E assim, agosto se fecha... Em meio a alta seca, ar pesado para respirar, cansaço consequente do corpo, mas repleto de lindos ipês que encantam nossos olhos e nossos corações.
Assim a Terra, assim em nós. Tantas e tantas vezes nos sentimos secos por dentro... como se nada estivesse a nos irrigar... nos sentimos sem forças até para nos movermos e, como terra que visualizamos ao redor, estamos sem viço e sem seiva aparente de vida. De repente um pensamento, um gesto, um reconhecimento, um sonho manifesto, uma mão que se nos estende, uma música que nos faz sonhar, um alimento que enche nossas bocas de água vívida, nos abraça, sorriso desponta, e como flores maravilhosas no meio do deserto da vida, nos encantamos, mergulhamos profundo dentro e em nos encontrando, percebemo-nos tão fortes apenas a repousar para a tempestade e a aridez aguentar.
Estejamos em primavera, seca, outono, inverno, chuvas fortes, ou verão, qualquer sejam as intempéries ou os privilégios da vida que experimentamos, nós, enquanto força, seiva de vida, energia pura, estamos sempre lá.
No interior, em nossas águas, a eletricidade corre, vivifica, forma redes... hora mais recolhida, hora mais estendida, mas sempre redes em alta voltagem a nos esperar.
Tal qual a natureza e alguns grandes animais, quando em primavera, forte a brilhar, armazenamos, criamos, plantamos sementes que logo frutificará. Quando em secas, estiagens, outonos, nos recolhemos, economizamos força, passamos desapercebidos para energia não gastar. Quer fora quer dentro guardamos sementes, flores e frutos que no perfeito momento irá desabrochar, nutrir e encantar.
Agosto termina em alta seca. Chão marrom ou cinza, como se toda a vida estivesse sem vida a vicejar. Uma pequena chuva, a força brota, se expande, enverdece absolutamente tudo mostrando que a morte não existe, apenas o ressignificar, o reflorescer, o descansar para forças juntar. Tudo sempre ali a nosso dispor esperando um gesto para acordar. As flores lindas, os esplêndidos ipês nos revelam, entretanto, que da força interna, semeada por anos até que possa desabrochar vem a beleza esplêndida a nutrir nosso olhar e nosso coração alegrar.
Nossa reflexão e exercício este mês é encontrar os nossos ipês. A força do ipê dentro, as flores coloridas dos ipês que nos encantam tanto.
A cada dia, de que forma nós raízes profundas neste casamento divino conosco mesmo trouxe formas e direção e solidez para continuar? A cada dia, quem ou o que coloriu nosso dia, alegrando nosso caminhar? Olhos atentos a descobrir os diversos presentes e os diversos “ipês’ de nossa vida a nos guiar e motivar.